Mitologia – A história do Natal começou a mais de 7 mil anos
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A bíblia diz que no princípio era o verbo, e que o verbo estava com Deus.
Mas antes da própria bíblia existir, e definitivamente antes da história de Jesus Cristo tomar o Império Romano e se tornar o mito oficial do ocidente, outros deuses explicavam os mistérios da Terra.
E antes desses deuses ou qualquer outra mitologia existir, havia o sol, e é por causa dele que, há milênios, celebramos o 25 de dezembro como nossa mais importante festa popular.
A festa da data na qual celebramos Natal, em sua origem, nada tem a ver com o nascimento de Jesus, mas sim com o astro-rei.
Nada é cientificamente comprovado na história de Jesus, e menos ainda é possível saber a data de seu nascimento – a começar pelo fato de que toda mitologia ao redor de sua figura se deu por conta de sua morte, e era essa data que pautava as celebrações entre os primeiros cristãos: o nascimento de Jesus não era considerado importante.
A história da festa do dia 25 de dezembro, porém, começa mais de 7 mil anos antes de Cristo, por um motivo concretamente importante: o solstício de inverno, ou a noite mais longa do ano no hemisfério norte. Superar a madrugada do solstício de inverno significa que, a partir de então, o sol ficará mais tempo no céu até o verão, e há diversos milênios que tal fato motiva povos do norte a celebrarem.
Na Inglaterra a festa do solstício de inverno era celebrada também em Stonehenge
Em suma, o 25 de dezembro celebrava a virada das “trevas” para a “luz” – o momento em que o sol tomava o planeta e tornava os meses seguintes mais quentes, melhorando assim as colheitas por vir e, com isso, a vida dos seres humanos, que enfim dominavam a agricultura e podiam, por isso, se assentar em um só lugar.
Assim, foi natural que os povos, ao longo do tempo, pegassem carona nessa celebração natural – e originalmente laica – e aproveitassem a data para celebrar também seus deuses.
Representação do deus grego Dioniso
O deus Osiris, celebrado pelos egípcios no 25 de dezembro
Os antigos gregos cultuavam Dioniso, deus do vinho, do teatro e das festas, os egípcios, na mesma data, lembravam a morte do deus Osíris.
Já os romanos aproveitavam o 25 de dezembro para celebrar o deus Mitra, de origem persa e requentado pelo Império.
O antigo deus do sol Mitra
O nascimento de Jesus só passou a ser celebrado, e em especial no dia 25 de dezembro, mais de dois séculos depois do marco zero do cristianismo – aproximadamente em 221 d.C., por conta do trabalho de um historiador, que “incluiu” o nascimento do Cristo, em momento que o cristianismo se popularizava massivamente nas franjas do império romano, no mesmo dia do nascimento e da festa de Mitra.
No século IV a igreja aceitou oficialmente a proposta, transformando a Festa do Sol na celebração do nascimento de Jesus.
À mesma época, por volta do século IV, na região onde hoje é a Turquia, o bispo da cidade de Myra decidiu presentear secretamente três moças, com três sacos de ouro, para servirem de dote a fim de que as moças conseguissem se casar.
O benfeitor se chamava Nicolau de Myra, e assim teria nascido a lenda do Papai Noel – que, não por acaso, é também conhecido como São Nicolau, ou Santa Claus, em diversas partes do mundo.
A tradição de presentear no dia do solstício de inverno – que hoje em dia acontece por volta dos dias 21 ou 22 de dezembro – já existia em outras tradições nórdicas, assim como a mitologia de que tais presentes viriam de seres sobrenaturais.
Antiga pintura de Nicolau de Myra
A história do Natal é mais complexa e plural do que a mitologia cristã e a publicidade em geral gostam de propagandear.
De todo modo, desde seu início o motivo da celebração é tão grandioso quanto a popularidade que hoje a festa possui: celebrar o triunfo da luz sobre a treva, a chegada do período de uma melhor colheita, a presença do astro-rei soberano no céu.